A força-tarefa já localizou 49 pessoas desde o início da emergência e usa a estrutura em Brasília que normalmente investiga crimes cibernéticos.
Laboratórios de tecnologia da Polícia Civil de todo o Brasil se uniram para ajudar a localizar pessoas desaparecidas no Rio Grande do Sul.
A aposentada Mônica Pereira se mudou para Porto Alegre há um ano. Morava perto da rodoviária, um dos lugares mais atingidos. Lá em Búzios, no Rio de Janeiro, ao ver as imagens das chuvas, Milton Araújo, o filho, ficou desesperado.
“É um sentimento desolador. É um sentimento de impotência completo. Você está longe, sem poder fazer nada”, diz o eletricista Milton Araújo.
Ele ficou quatro dias sem notícias da mãe. A filha dele, Julia, então, deu a ideia de procurar a polícia.
“Eu passei todas as informações que eu tinha: cópia de documento dela, foto. E aí eles começaram as buscas, e um dia a gente teve a notícia: ‘Olha, eu acho que nós encontramos’”, conta Milton.
Em meio à enchente, policiais civis de vários estados passaram a trabalhar juntos, coordenados pelo Ministério da Justiça, cruzando informações com técnicas de investigação e ferramentas de inteligência artificial para ajudar as equipes que estão na rua a achar pessoas desaparecidas. Foi assim que a Monica foi encontrada. Monica estava em um abrigo.
“Foi meio de amedrontar. Eu não esperava aquilo. Perdi tudo! Saí andando”, conta Mônica Pereira.
A força-tarefa já localizou 49 pessoas desde o início da emergência e usa a estrutura em Brasília que normalmente investiga crimes cibernéticos.
“A tecnologia utilizada passa pelo acesso a dados cadastrais, a fontes abertas, a utilização de sistemas que utilize e permite a geo localização, de parceiros da iniciativa privada. Enfim, uma série de elementos nesse processo de integração que permite que a gente consiga encontrar com precisão as vítimas”, explica Rodney Silva, diretor de Operações Integradas de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça.
“Quando a gente percebe que esse encontro acontece e as pessoas se reúnem novamente, apesar de toda tristeza da enchente, a gente percebe que a gente está cumprindo um papel social e pessoal para essas pessoas muito importante”, diz Fernando Antônio Sodré de Oliveira, chefe da Polícia Civil do RS.
Desde que Monica foi encontrada, há três dias, mãe, filho e neta conversam todos os dias ao telefone.
De acordo com a Defesa Civil, 94 pessoas estão desaparecidas por causa da enchente no Rio Grande do Sul. São dezenas de famílias, que assim como Milton e Julia, esperam por um reencontro.
“Não percam as esperanças. Para que procurem, tenham esperança, para que façam os boletins de ocorrência. Pessoal, eu sou a prova viva, pessoal. Funciona”, diz Milton.
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